minotauro

A origem dessa lenda é bem mais antiga, descrevendo o culto cretense do Minotauro ou o “Touro Lunar”.

Possivelmente uma variante do culto egípcio a Ápis, o deus com cabeça de touro. “Touro Lunares” era como eram chamados os reis de Minos, dinastia que governou Creta em 2000 a.C.

Nos rituais, os “touros lunares” se uniam “a deusa, representada por Rhea Dictynna ou Pasiphae, na forma de suas sacerdotisas.
Anualmente, o Rei do Ano era “sacrificado” simbolicamente na forma de um touro sendo substituído para renovar as energias da terra. Os historiadores, desconhecendo o verdadeiro significado do ” Hieros Gamos”(casamento sagrado), interpretaram a união da sacerdotisa ao “Deus Touro” como uma aberração perversa, considerando o Minotauro um monstro, quando na verdade era apenas o Rei usando uma mascara.

A Lenda

Segundo a mitologia grega, o labirinto do minotauro projetado por Dédalo estaria situado em Creta, a ilha do rei Minos. Ele teria sido construído para encerrar o minotauro, fruto do amor da rainha Parsifae com um touro. Para evitar que desgraças acontecessem a seu povo o rei deveria sacrificar jovens anualmente para oferecer à criatura. Até que um dia, Teseu, filho do rei de Atenas se ofereceu para o sacrifício, com a intenção de matar o minotauro. Chegando a Creta, ele se apaixonou por Ariadne, filha do rei Minos, que lhe deu de presente um novelo de lã que permitiria a ele de se orientar no interior do labirinto. Ele matou o minotauro, saiu do labirinto com seus companheiros e partiu pelo mar levando Ariadne, que depois deixou numa ilha, temendo as represálias de seu pai. E voltou a Atenas, onde foi recebido como herói.

Muito interessante o ponto de vista Erika Pickina em seu site – vale a pena dar uma lida:
Foi Ariadne quem deu a Teseu, o herói indicado para matar o Minotauro, o fio para achar a saída do labirinto. Bem, o Minotauro no labirinto presta-se à analogia para as convicções cristalizadas e negativas, que podem nos afligir emocionalmente, retirando-nos a força para o novo, deixando-nos encapsulados em atitudes recorrentes e inexpressivas. Mas Ariadne, sabiamente, aplicou a estratégia de usar o herói para a tarefa de matar o Minotauro, seu meio-irmão.

Depois de matar o Minotauro, Teseu e Ariadne prosseguem em direção a Atenas, detendo-se antes na ilha de Naxos. Ali, Ariadne cai numa espécie de transe na hora em que Teseu a abandona na praia e marcha rumo a Atenas. Então Dioniso apresenta-se diante de Ariadne e a torna sua esposa. Ele é um dos poucos deuses olímpicos que manteve uma relação monogâmica, porque se casou com uma pessoa que tinha integrado, por si mesma, seus sentimentos e legado negativo (por meio da morte do Minotauro), assumindo, então, ao mesmo tempo o papel de esposa, cativando o amante como uma mulher diferenciada e aberta ao devir.

Pode-se dizer, certamente, que este mito trata da trilha sinuosa que envolve as crenças negativas misturadas ao miasma herdado e a integração à personalidade, o que possibilitará à mulher, como ser humano, uma diversidade de vida mais completa e verdadeira.
Até onde tenho notado, a grande novidade que surge nos labirintos da história humana é o recente salto dado pelas mulheres ao se moverem rapidamente para espaços de atuação que antes eram lugares apropriados apenas aos homens.
Nas universidades de hoje, por exemplo, o número de mulheres é cada vez maior do que o dos homens, bem como a presença feminina em cargos significativos de empresas e instituições públicas.

Mas, ao aceitar o êxito na vida acadêmica, científica, política e de negócios, as mulheres têm assumido o aspecto titânico da história, com seu encargo característico no viver, traduzido em ansiedade, frustração, sofrimentos e doenças.
Assim, termos como depressão e possessão pelo animus tomam o ego como recursos exigidos por estas tarefas ligadas à vida exterior e aridamente solidária, à medida que a mulher atua a partir dos procedimentos que os homens lograram acumular através do processo histórico.

Talvez, por isso, nos encontros sobre a saúde feminina muito é debatido a respeito das tendências psicossomáticas dessa mulher moderna, acelerada, tensionada e cheia de responsabilidade e, em consequência, os casos tireóideos e cardíacos têm atingido níveis cada vez mais globais e assustadores.
Além disso, em psicoterapia é comum encontrar mulheres cindidas entre o desejo de vencer no trabalho e o de ser mãe dos seus filhos… Dito de outro modo: reunidos em tensão, o social versus o biológico.

O fato é que sabemos muito pouco sobre o reino da psique, como também sobre o que foi negligenciado pelas exigências de domesticação cultural. Há, sem dúvida, muitas discussões sobre a maneira como as forças naturais da maternidade e a necessidade do status social atritam e exigem ajustes, mas isso não compensa a demanda por novas iniciações e entendimentos nos tempos contemporâneos.
Mesmo a depressão, que captura a mulher moderna com facilidade, apresenta-se com máscaras diferentes e pouco comuns. Mas ela é sentida na repentina diminuição da atividade física, na oscilação entre ansiedade e tristeza, na falta de ânimo que bloqueia o sono ou, ao contrário, faz o corpo não ser percebido durante o excesso de sono e letargia.

Encontro mulheres com problemas no casamento e mulheres que recusam um relacionamento estável, justificadas em decepções anteriores ou em buscas impossíveis.
Sei de histórias de mulheres cujo padrão de auto-organização, outrora dominante, está ameaçado, dando uma sensação de vida fora do lugar. Sem dúvida, as fundações e as raízes de sua existência estão se desfazendo e elas não percebem que o instante é valioso para romper com a forte arapuca da “boa” esposa para seu marido, mas com o sacrifício da própria criatividade, desperdiçada em razão da manutenção do ilusório poder de controlar a vida do parceiro e da prole…

“Sinto-me como uma adolescente de novo”, dizem muitas mulheres recém-divorciadas. O problema é que elas depositam novas expectativas no código de amor romântico, uma invenção moderna, inconscientes de que, no processo posterior à separação, com muita força surgem as partes rejeitadas da personalidade.
E como essas partes pedem atenção, caso sejam localizadas e compreendidas, isso se tornará as sementes de um futuro relacionamento maduro, porém se ignoradas, serão as toxinas que atrairão as algemas dos velhos relacionamentos.

A maturidade, substanciada pela apreensão lúcida de graus de integração, depende do consciente sacrifício: a construção da ponte entre o que foi rejeitado (desconhecido) e o que é dominante (conhecido) para que o novo se apresente e se afirme possibilitando o limite sacrossanto entre o “meu” e o “seu’, ou seja, a chave para que a distância entre o homem e a mulher seja superada, como também a degradação dos afetos e da qualidade de vida.
Por Eugênia Pickina – Mestre em Direito Político (Mackenzie-SP) – http://palavraterra.blogspot.com

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